Quem sou eu

Blog relativo ao Prêmio dos jogos de Tabuleiro (JoTa) premiojota@yahoo.com.br

sábado, 25 de abril de 2009

Que é isso? ah é um jogo abstrato...O MELHOR!!!





Pois foi isso que ficou definido no prêmio JoTa...
Ingenious o melhor jogo de tabuleiro abstrato do Brasil...
Pra comentar a respeito nada melhor que um amante dos jogos abstratos...acho que meio chateado pelo Hive não ter ganho, mas...
Sim o Loizz...o maigo mesmo sem tempo, pois sua esposa grávida tem ocupado seu tempo por completo...pegou uns minutos de seu tempo e fez esse texto interessante sobre a categoria...
Com vcs...Loizz Espalharramas...

“Os abstratos são os jogos em seu estado mais puro. Sua principal característica é que são jogos onde não há tema, ou o tema não tem importância para a experiência lúdica. Embora alguns jogos como Xadrez e Hive, por exemplo, tenham um tema agregado à mecânica, o mesmo é usado apenas na nomenclatura das peças, não tendo qualquer importância no tocante ao jogo em si.

Outra característica fundamental dos abstratos é a informação perfeita. Os jogadores devem saber o tempo todo qual é a posição atual do tabuleiro, qual era a posição inicial e quais jogadas foram feitas nesse percurso. Nada deve estar oculto aos jogadores.

Isso também implica a minimização da sorte. Um jogador fazer o melhor movimento possível sem se dar conta disso é o máximo de sorte aceitável. Porque como bem disse J. Mark Thompson em seu famoso artigo Defining the Abstracts, os abstratos são jogos onde os oponentes propõem quebra-cabeças uns aos outros.

Jogos abstratos devem comportar apenas duas pessoas. Mais gente que isso acaba levando à alianças contra o jogador que esteja em vantagem, descambando para a política. E, como já foi dito, estes são jogos onde o cerne é propor desafios espaciais para o oponente.

Ante ao exposto, não é de admirar-se que eu tenha ficado meio cabreiro antes de experimentar o Ingenious. O jogo comporta até quatro jogadores, estes sorteiam seus tiles de dentro de um saco, e estes tiles são mantidos escondidos dos outros jogadores.

Também me incomodava o fato de ser um jogo de Reiner Knizia. Tenho que confessar que sofria de um preconceito contra o Doutor. Ingenious ainda havia vencido o Hive no Prêmio JoTa, e Hive é meu jogo favorito. Votei nele sem nunca ter jogado o Ingenious ou o Blokus, que ficou em terceiro lugar, de tanto que eu gosto desse jogo. Só fui jogar o Ingenious quando o Bira me pediu para escrever este texto. Então qual não foi minha surpresa ao deparar-me com um jogaço, que realmente faz jus a seu nome (Ingenious significa engenhoso).

O jogo vem com um tabuleiro hexagonal, 120 tiles de duplos hexágonos, quatro porta-peças, um saco de veludo, quatro tabuleiros de placar, e 24 marcadores de placar. Os componentes são todos de boa qualidade, mas os tiles claramente se destacam. São duplos hexágonos de plástico resistente, como grandes dominós pretos com símbolos coloridos sobre eles. São ao todo seis cores, cada uma com um símbolo correspondente, para permitir que joguem aqueles que têm dificuldade em distinguir as cores.



As regras do jogo são muito simples. No início da partida, cada jogador recebe seis tiles. Cada tile contêm dois símbolos. Em seu turno o jogador deve posicionar um tile no tabuleiro e marcar os pontos cabidos, se houverem. Um ponto é marcado para cada cor igual adjacente e em retas contínuas às cores do tile que foi colocado. Cada cor é pontuada separadamente, e o vencedor é aquele com a maior menor pontuação (a maior pontuação em sua “pior” cor). Parece complicado mas na prática não é.

Após colocar um tile, pontuar e encerrar sua jogada, o jogador compra um novo tile para repor o que foi jogado. Se ficar sem tiles que contenham sua cor com menos pontos, o jogador pode trocar todos os tiles de sua mão. Ao completar dezoito pontos em uma cor o jogador tem direito a uma jogada adicional, que deve ser feita antes da reposição do tile jogado previamente. Caso faça dezoito em outra cor, ele tem direito a outra jogada e assim sucessivamente. Quando não puder ou não quiser mais jogar, ele repõe tantos tiles quanto foram jogados, até ter seis tiles nas mãos novamente. Após atingir dezoito pontos o jogador não pode mais pontuar naquela cor.

Um detalhe importante é que, com exceção do primeiro turno de cada jogador, não há restrições de posicionamento de peças. Elas não precisam tocar em símbolos da mesma cor, nem mesmo em outros tiles.

É isso! E é aí que reside a genialidade do jogo. Como todo bom abstrato, Ingenious tem regras simples, poucas e elegantes, mas que dão margem a um jogo profundo, que pode ser disputado em vários níveis. Apesar do alto fator tático, uma boa estratégia é fundamental para a vitória, já que o jogo exige uma pontuação equilibrada.

Uma das maiores qualidades que um jogo pode ter é alta rejogabilidade, e neste quesito Ingenious se destaca. Uma partida nunca é igual à outra, tanto pelo sorteio das peças, quanto pelos muitos caminhos a seguir: Pontuar em duas cores ou uma só? Pontuar sempre a menor cor ou tentar marcar muitos pontos em uma cor pra ganhar um lance a mais? Bloquear agressivamente os adversários ou jogar na sua buscando maximizar os pontos? Estas são apenas algumas das muitas opções com as quais você se depara ao longo de uma partida.



No fim das contas, tudo que pensei que pudesse ser um defeito acabou revelando-se uma qualidade. A possibilidade de até quatro jogadores, a informação imperfeita, a sorte: tudo isso é usado a favor do jogo de modo a proporcionar uma experiência prazerosa para qualquer pessoa. Acho que aí está o grande diferencial do jogo e onde ele obteve a vitória no Prêmio JoTa: Ingenious agrada tanto aos gamers quanto aos novatos e aos casuais; tanto aos junkies de Xadrez quanto aos tiozinhos do Dominó.

Depois de jogar Ingenious vi como fui bobo evitando o Knizia. De agora em diante passarei a tratá-lo por Excelentíssimo Senhor Doutor.”

Muito obrigado...amigo...

Sucesso a gravidez da esposa, boa hora...

E pessoas em breve mais um texto...

Braços

domingo, 19 de abril de 2009

Pesado, mas esse eu carrego....






Pois então temos agora a apresentação do melhor game pesado...
Se penso em pesado penso no HEAVY GAMES BRASILIA - O OBJETIVO É JOGAR!!http://www.ilhadotabuleiro.com.br/?pag=clubes&acao=perfil-clube&id=20 , onde temos como ativo participante o amigo Thiago Boaventura que gentilmente aceitou particpar de nosso blog.

27 anos, casado há 1 ano e meio, sem filhos mas já com planos de começar a produção (de acordo com ele mesmo), Consultor de Contabilidade da Câmara Legislativa do DF. Apreciador de jogos que privilegiam os jogadores que fizeram as melhores e mais criativas jogadas, mesmo que tenha uma pequena dose de sorte para dar um "sal", o amigo se diz apreciador de jogos que exijam bastante do cérebro sem se perder no tema e que tenham boas formas de interação, jogador que desvaloriza jogos caóticos e abomina as decisões previsíveis em jogos.

Peço a foto e recebo ele e sua amada... acho que o bebe vem pra logo mesmo....risos




Passo a voces o texto enviado sobre o tema em questão, belo texto, comparativo...




"Cuba – 27,39%

Age of Empires III – 26,75%

Imperial – 20,38%

Container – 13,38%

Tempus – 7,64%

Hamburgum – 4,46%

Vitória apertada do Cuba. Torci para que o Brass tivesse melhor sorte nesse prêmio, mas como não foi possível, considero que a vitória do Cuba teve méritos. Entre o Cuba e o Age of Empires é páreo duro mesmo saber qual seria o melhor jogo lançado no período que o prêmio delimitou.
O Cuba é um jogo muito comparado ao Puerto Rico, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. É bom porque utiliza uma fórmula já consagrada de fazer jogos. Comprar edifícios, produzir recursos e a escolha de papéis por meio de cartas é a base do jogo. Isso sempre funciona. O lado ruim da comparação com o Puerto Rico são as comparações de que o Cuba não oferece nem um terço das possibilidades estratégicas. Talvez o autor do Cuba não quisesse mesmo fazer um jogo profundamente estratégico, mas sim um jogo de saber aproveitar as oportunidades de ganhos que surgem no jogo, por meio de um bom gerenciamento das cartas de personagens. O ponto negativo do Cuba são os prédios já revelados desde o início do jogo e a ausência de situações que forcem o jogador a ter que alterar sua estratégia. O que eu quero dizer é que se o jogador decidir que vai fazer a estratégia x em todas as partidas, ele pode conseguir fazer e jogar bem em todas elas. Dizem que os primeiros barcos e lei reveladas mudam um pouco isso, mas, sinceramente, isso ainda não me convenceu.








O Age of Empires é um jogo que fez sucesso pela excelente mescla de mecânicas já consagradas. É uma espécie de coletânea de jogos. Lá tem Puerto Rico (compra de prédios e a utilização dos recursos), tem El Grande (disputa por maioria de área), tem Caylus (posicionamento de trabalhadores), tem mais uma porção de jogos que você consegue identificar jogando. Talvez, por isso, esse jogo não seja muito light de explicar, mas é tranquilo no quesito peso das decisões. O ponto negativo é: a sorte envolvida nas expedições, o que é temático e não compromete o jogo se o jogador souber usar as probabilidades; a sorte em relação a um prédio bom para um jogador acabar não entrando no jogo.
O Imperial e o Container são jogos para o pelotão intermediário, na minha opinião. Tenho várias partidas de Imperial e somente uma de Container. No momento, arrisco dizer que o Container é melhor. O Imperial é muito bom pra quem curte jogos de compra de ações. Não ando muito fã desse tipo de jogo, ultimamente. Todo jogo de ações envolve aposta. Ao comprar suas primeiras ações, você não faz idéia se elas vão ser boas no futuro e isso não vai depender só de você, pois, por mais que você se esforce, se a mesa decidir voltar-se contra aquele tipo de ação, eles tiram a vitória de você facilmente. Jogos de compra de ações também têm o velho problema de alguém jogar muito mal e o vencedor acabar saindo de forma meio aleatória e confusa. Mas tirando o fato de ser um jogo essencialmente de ações, o Imperial seria um grande jogo se algumas decisões que você tem que escolher no rondel fossem mais difíceis. Quase sempre é bom fazer a ação de "investimento" e de "taxação". É muito claro que o jogador agiu mal quando deixou de fazer essas duas ações. Além disso, mover espaços a mais no rondel é excessivamente caro, o que dificilmente torna-se uma boa decisão (exceto no final do jogo que quase sempre é bom). Enfim, bom jogo, bem bolado, mas que comete alguns pecados de previsibilidade.
Já o Container tem um sistema brilhante. É o único jogo que conheço que o jogador pode avaliar a oferta e demanda do mercado e com isso tomar a relevante decisão de fixar um preço de venda para seu produto, o que não pode ser mudado facilmente. Há muitas coisas pra fazer no jogo (constuir fábricas e galpões de armazenamento, produzir bens, comprar, revender, oferecer lotes para despejar na Ilha, etc. E os objetivos secretos que forças valoções diferentes em termos de aquisição de containers para abastecer a Ilha dão um "tcham". O jogo parece ser do tipo que cada partida, principalmente se jogada com jogadores diferentes, proporciona uma experiência única. O ponto negativo fica por conta da leve repetitividade. A situação do jogo não muda tanto ao longo da partida. No final, passa a não ser mais interessante investir em infra-estrutura e os jogadores seguem pensando da mesma forma. Jogo interessante e que tem uma fórmula bastante peculiar.
O Tempus é outro jogo com uma sistemática incomum. É um jogo de civilização bastante abstraído nas mecânicas e que tem um tabuleiro modular. O tema de civilização é bem light. Não espere um jogo cheio de detalhes, diferentes características em cada povo, comércio entre eles, etc. O destaque do jogo é o gerenciamento de cartas que é muito bem feito. Não existe carta ruim, o que dá uma sensação de desespero em ter que descartar algumas delas. Outra coisa bem interessante é o sistema de avanço no tempo que permite a alguns jogadores a obter vantagens em relação aos demais. Mas tudo isso de forma equilibrada, e sem permitir que um jogador dispare na frente. As batalhas entre as civilizações é bem original. Os jogadores precisam considerar os tipos de terrenos e conciliar esse fator com as cartas de sua mão. O ponto negativo é a possibilidade de blefar nesse jogo. O blefe é muito gratuito. Os jogadores sempre precisam descartar algumas cartas para adequar ao limite e isso é um grande convite ao blefe. Seria muito simples ao autor retirar o fator blefe desse jogo, mas ele preferiu manter.
Pra finalizar, o Hamburgum, que tive a oportunidade de jogar uma vez e que pareceu ser um jogo um pouco mais fraco. É um jogo que quase chega a ser automatizado, de tão repetitivo. A interação é praticamente nula e o jogador ficar só naquela de ficar movimentando a pecinha no rondel para tomar decisões simples. O que estou precisando agora? De grana? Então vou fazer isso. De material pra vender? Então é isso. Nada muito complicado, difícil ou agoniante. Considerei um jogo simplório demais. Mas é um jogo até certo ponto famoso, o que deve ter os seus fãs. O recém lançado Pricess of Machu Picchu desse mesmo autor tem um feeling parecido, mas tem uma interação muito mais forte e decisões bem mais relevantes.
Com certeza os jogos indicados estariam muito bem em qualquer coleção. Três jogos mais no estilo econômico: Cuba, Container e Hamburgum. E outros três jogos híbridos: Age of Empires, Imperial e Tempus. Grande disputa!"





Então é isso...valeu amigo...obrigado e até nova publicação do JoTa.

Bira

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O melhor da terrinha

O ARTE MODERNA



Pois aqui mais um post...
E dessa vez um de grande importância pro nosso hobby...
O jogo do Brasil, o melhor jogo lançado por aqui...
Nada mais justo que pra comentar sobre essa categoria um renomado brasileiro, autor de jogos premiados, bons e que quase levou alguma premiação...
O nosso amigo André Zatz (35 anos, casado pai de um filho) que se denomina autor de jogos o que é muito legal...alguém por nossa terra vivendo disso...


Deixo as palavras ao amigo...
ANDRÉ ZATZ
Melhor jogo lançado no Brasil

Na Alemanha, um prêmio chamado SDJ teve (e ainda tem) um papel importante no sentido de estimular a indústria a produzir jogos de qualidade. O prêmio é uma maneira de divulgar de forma gratuita, como um serviço para a sociedade, aqueles jogos que merecem destaque.

Por meio do prêmio, os consumidores ficam sabendo quais são os jogos que mais vale a pena jogar. Quando compram esses jogos tendem a gostar deles, porque são jogos bons. Isso é um estímulo para que joguem mais e para que comprem mais jogos. A indústria, pelo seu lado, se esforça para lançar jogos de qualidade que possam concorrer ao prêmio, caindo assim no gosto popular. Em resumo, criou-se um ciclo virtuoso.

Espero que em 10 anos, olhando para trás, possamos dizer que o JoTa, ainda que em escala menor, possa ter contribuído de modo similar para o aumento da qualidade dos jogos lançados no mercado nacional. Por isso, a meu ver, a categoria de jogos lançados no Brasil é a mais relevante do JoTa, em termos da mudança real que pode ocasionar.

Palavras da Comissão do JoTA: Poxa obrigado André pelo apoio...no meio de tantas criticas um palavra carinhosa ainda mais de um profundo conhecdor do mercado e do meio

Hoje, o mercado de jogos no Brasil está a anos-luz do mercado alemão. O consumidor na loja de brinquedos não tem como distinguir o que é bom do que é ruim. Ele não lê críticas sobre jogos nos jornais, porque os jornais não fazem críticas sobre jogos. Ele não lê resenhas dos jogos na internet, porque ainda são muito raras e ele nem sabe onde ler. Talvez nem saiba que um jogo poderia ser resenhado, assim como um filme ou livro. Quando vai ao cinema, muitas vezes já tem uma idéia do que vai assistir e isso aumenta a chance de ver algo que o faça querer voltar outra vez. Imagine que você tivesse que escolher o filme só pelo título, pela sinopse e pela idade mínima recomendada, sem saber mais nada sobre ele, nem quem são os atores, nem quem é o diretor, nem que prêmios ele ganhou. Pois é o que acontece com os jogos. A conseqüência é a compra de muitos jogos que decepcionam e o medo de experimentar algo novo, o que só serve para aumentar ainda mais a venda dos mesmos de sempre: Banco Imobiliário, Jogo da Vida, War...

Como a compra do consumidor é quase cega, a indústria foca numa combinação explosiva: preço baixo e embalagem bonita, negligenciando com freqüência a qualidade do produto. Alguns fabricantes até acreditam lançar jogos de qualidade. Mas seu conceito de qualidade é ainda muito limitado. Quando falamos na qualidade de um jogo, estamos falando em muitos aspectos diferentes. Entre eles temos a originalidade da idéia, a clareza das regras, a atratividade da ilustração e dos componentes, a qualidade do material utilizado e, sobretudo, a qualidade da mecânica que pode se traduzir em quanta vontade dá de jogar de novo e de novo.

A maioria dos fabricantes nacionais é negligente com relação à maior parte desses aspectos. É por isso que os novos lançamentos, quando não são trazidos de fora como cópias dos originais, às vezes com direitos pagos e às vezes não, no mais das vezes desapontam o consumidor. Ou melhor, nem o desapontam, pois o consumidor já não espera muito deles. Na cabeça do consumidor médio, só existe um punhado de jogos bons, que são os já citados, acrescidos talvez de mais alguns como Cara a Cara, Detetive, Imagem & Ação, Perfil e Super Trunfo. Fora isso, só alguns jogos baratos para dar para as crianças, porque criança gosta de qualquer coisa. Pelo menos é o que muitos pensam. Mas não é bem assim.

Em nossa visão utópica, imaginamos fabricantes que lancem jogos com componentes de qualidade, ilustração de primeira, temas interessantes, mecânicas testadas à exaustão. Jogos divertidos e que proporcionam uma experiência gratificante. Isso não é impossível. Mas é uma realidade ainda distante.


A vitória das editoras independentes

O Prêmio JoTa referente aos jogos lançados em 2006-2007, considerou Arte Moderna como o melhor jogo lançado no Brasil. A editora Odysseia acertou em cheio já em seu primeiro lançamento. Arte Moderna é um jogo inteligente, com uma mecânica sólida, envolvente. Uma verdadeira aula sobre jogos de leilão. As regras não são complexas e, no entanto, o jogo oferece diversão para um adulto, no melhor estilo dos modernos jogos europeus. Seu autor, o astro alemão Reiner Knizia, talvez seja o autor de jogos mais conhecido no mundo. O homem é uma lenda. Talvez não seja pura coincidência que o jogo considerado como o segundo melhor pelos votantes também seja dele: Samurai, lançado por outra nova pequena editora, a Ceilikan.



O que essas duas editoras fizeram é algo de grande valor para o mercado. O Arte Moderna, por exemplo, não tem apenas uma belíssima mecânica; ele tem componentes de qualidade e ilustração excepcional, até mais bonita que a da versão alemã, se posso dizer. É um jogaço.



Infelizmente, pela dura lógica do nosso mercado, até onde eu sei a distribuição do jogo não ultrapassou a pequena escala. Quem sabe se o JoTa já existisse na época do lançamento tudo teria sido diferente? O jogo ainda é vendido? Ainda é produzido? Não sei dizer, mas gostaria muito que fosse, pois talvez, considerando todos os aspectos envolvidos, seja possivelmente o melhor jogo já lançado em nosso país. Talvez agora, com o JoTa, ele receba um novo impulso para ultrapassar a barreira da distribuição e chegar ao grande varejo.


Como apreciador de jogos, só posso desejar que mais editoras apareçam, editoras como a Odysseia e como a Celikan. E que essas editoras prosperem, lancem novos jogos, comecem a construir um nome no mercado. Que assim comece a se criar um mercado para jogos de qualidade. E que, quem sabe, os grandes fabricantes se sensibilizem com essa demanda por jogos de qualidade e não percam a oportunidade de atendê-la. Seria um grande negócio para todos.

Como autor, minha contribuição para esse futuro se dá na tentativa de criar jogos cada vez melhores, jogos que possam reduzir o abismo que há entre nossa produção nacional e o que vemos hoje na Europa, sobretudo na Alemanha.


Nossa participação no JoTa

Os três jogos criados pelo Sergio Halaban e por mim que ficaram entre os cinco indicados para o prêmio de melhor jogo lançado no Brasil, são para nós motivo de grande orgulho. Significa que fora os dois jogos do Reiner Knizia, Arte Moderna e Samurai, lançados por duas editoras independentes, nenhum outro jogo lançado por um fabricante nacional foi tão bem recebido por quem gosta de jogar como os nossos.


Dois dos três foram também lançados na Europa, por editoras de lá, e isso também é uma validação importante do nosso trabalho. Mas isso não muda o nosso mercado. Porém, ter os jogos lançados aqui, isso sim pode ajudá-lo a mudar.

Os três jogos em questão foram lançados pela Estrela, um fato no mínimo curioso. É verdade que o consumidor não costuma associar o lançamento de novos jogos à Estrela, empresa que sempre pareceu concentrada nos grandes clássicos ou em jogos mecânicos para crianças pequenas. Mas foi a Estrela a empresa que acolheu nossos três projetos. Fico feliz que o JoTa tenha assim reconhecido o valor desses lançamentos e da iniciativa da Estrela.

É verdade que na luta pelo custo, o fabricante optou por materiais que não são os melhores e foi negligente com relação à ilustração. Talvez se a concorrência tivesse sido mais dura, isso teria sido suficiente para tirar um, dois ou até os três jogos da disputa. Mas não foi. A concorrência parece não ter apresentado nada melhor. Onde estava nessa hora a Grow, marca que associamos por tanto tempo com jogo de qualidade, jogos inteligentes? Em 2004-2005 A Grow lançou alguns jogos bons, tais como Pague Para Ver, Leilão de Imóveis e Batalhas Medievais. O que ocorreu então no biênio seguinte? Por que não houve novo lançamento? Ou houve e passou tão desapercebido que nem nos lembramos dele? E nesse período, onde estavam os outros fabricantes de jogos? Será que eles também vão querer entrar na disputa por esse mercado? Também vão querer ter jogos de qualidade? Seria muito bom!

Dos nossos três jogos escolhidos entre os cinco melhores jogos de 2006-2007, o único que em 2009 continua sendo vendido é o jogo dos Conquistadores. Isto se deve em parte à crueldade do mercado, que faz com que a maioria dos novos lançamentos desapareça antes mesmo de se tornar conhecida. Já falei desse fenômeno quando disse que o consumidor não tem como distinguir o que é bom do que é ruim e na dúvida fica com os já conhecidos. Raros são os jogos novos que permanecem no mercado por mais de dois anos.

Conquistadores é um jogo voltado para quem gosta de jogar. Um jogo de maiorias com decisões táticas. As partidas são rápidas, com duração de menos de uma hora. As regras são mais simples que as do War, mas as decisões são igualmente interessantes. É ideal para se jogar com os amigos.

O Riquezas do Sultão é um jogo para a família. Suas regras são excepcionalmente simples e nem por isso ele oferece menos interesse para os adultos. Uma criança de 8 anos pode jogar, mas um adulto poderá se divertir tanto quanto ela. O fato de o jogo ter sido lançado pela Queen Games, uma das editoras de maior tradição na Alemanha (a mesma do Alhambra), comprova que sua mecânica não deve nada às dos jogos mais modernos lançados na Europa. No entanto, a Estrela foi particularmente infeliz na ilustração da capa do jogo, que funciona como desestímulo à compra. Se colocar lado a lado a caixa da Estrela e a caixa da Queen, o leitor verá o que quero dizer. Acredito que isso teve um peso importante no fato de o jogo não ter deslanchado, apesar de suas qualidades. Pelo que acompanhamos, os últimos exemplares estão sendo vendidos em promoção, sem perspectiva imediata de uma nova edição. Pelo menos não pela Estrela. Aliás, se um fabricante estiver interessado em lançar esse jogo com ilustração e componentes de qualidade, terei prazer em sentar para conversar.


O terceiro jogo, o Jogo da Fronteira, é a versão nacional do original lançado na Alemanha como Hart an der Grenze. Na Alemanha o jogo foi lançado por uma das maiores editoras, a Kosmos (a mesma do Catan), e recomendado pelo SDJ, o Oscar dos jogos em 2006. Desde então o jogo foi lançado também na Finlândia e na Grécia e esteve entre várias seleções famosas de jogos, incluindo os Top 200 Games do Tom Vasel em 2007, a lista dos Traditional Games 100 da revista americana Games Magazine em 2008, onde inclusive recebeu menção honrosa como party game, a lista de jogos recomendados do Bruno Faidutti em 2006 e o Golden Geek Awards em 2007, no qual foi um dos indicados para melhor party game.


No Brasil, o jogo teve um destino diferente, saindo das lojas menos de um ano após o lançamento. A razão? Uma sucessão de mal-entendidos gerada por uma reportagem sensacionalista que levou a uma polêmica na qual a Estrela não quis entrar, preferindo tirar o jogo de circulação. Apesar do exagero da polêmica, parte da culpa coube ao fabricante. Ele ignorou um princípio básico que quem pesquisa o universo dos brinquedos conhece bem. O fato de que o mesmo conceito fere muito menos quando está num universo de fantasia. Por exemplo, muitos pais não comprariam para seu filho um boneco de um bandido ou de um soldado. Porém, se for um bandido intergaláctico, por exemplo, um caçador de recompensas do Guerra nas Estrelas, ou de um soldado cheio de glamour como um cavaleiro jedi, o brinquedo não choca tanto, pois está num universo de fantasia. É por isso que quando a Estrela tirou do jogo o contexto em que estava, no Velho Oeste, fronteira em terra de ninguém no México do século 19, ela se aproximou de uma zona perigosa, ainda mais num país em que o assunto corrupção é muito delicado. O que contribuiu ainda mais para a confusão foi o fato, talvez subestimado, de que no Brasil o consumidor ainda vê jogo como coisa de criança e tem dificuldade para conceber que um jogo possa ser voltado preferencialmente para um público mais velho, adolescente ou adulto.


Palavras finais

Espero que essa premiação sirva de estímulo para que os fabricantes tradicionais como Grow e Estrela aprimorem a qualidade dos seus lançamentos e que por outro lado, sirva como ferramenta para que pequenas editoras como Odysseia, Ceilikan e outras por vir, consigam ocupar um espaço merecido dentro de um mercado cujo potencial ainda é quase inexplorado.
Obrigado André...belas idéias...
Em breve mais posts...
Abraço a todos...

domingo, 5 de abril de 2009

Com a palavra a Ilha do Tabuleiro...



Obviamente que um site não consegue responder perguntas...
Fica a palavra com seu representante máximo... que recebe o título de governador...
Então vamos tratar a ilha como pessoa sendo Alessandro Caporal




JoTa: Ilha como vc se descreveria?

Ilha: Bom, vamos responder como um lugar com uma pessoa responsável...pode ser?!
A Ilha é um lugar criado e possível principalmente pelo amor aos jogos.
Um espaço surgido na expectativa de proporcionar uma experiência lúdica mais abrangente a todo novato brasileiro.
Para atender famílias, e pessoas com afinidades por confraternização e diversão cultural.
Um lugar para promover o encontro e a troca de experiências.

JoTa: Quantas pessoas trabalham pra vc?

Ilha: A ilha não têm nenhum funcionário Bira!
A ilha é sucesso, e é possível porque foi criada num sistema colaborativo voluntário.
Diariamente mais e mais amigos chegam e engrossam nossas fileiras agregando suas histórias experiências, e ajudando a construir e preservar a memória lúdica.
No aspecto administrativo a Ilha atualmente conta efetivamente com a colaboração de uma pessoa, o nosso descobridor, a parte técnica é atendida por terceiros com um técnico responsável neste momento pela transição e estabilização (mudança de fornecedor), e uma equipe de desenvolvimento para a ILHA 2.0 (segundo semestre). Na ligação desta informações a valorosa contribuição de nosso ilhéu Palombo.



JoTa: GRAAAANDE Palombo foi nosso fiel conbtato entre a ilha e o JoTa...muito nos ajudou sempre dsiponível e direto..abraço amigo... E hoje vc já dá um lucrinho ou ainda onera teus criadores?

Ilha: Ainda não damos lucro
A ilha é um projeto muito novo e seu crescimento requer constante dedicação e investimentos. Ela contou com um grande aporte de recursos (do padrinho) em seu início, e agora novamente com o desenvolvimento da nova versão.
Neste momento trabalhamos a chegada de parceiros que ajudarão a reduzir a intervenção de nosso descobridor, porém nossa dívida é longa para com o mesmo.
Os números (estatísticas) nos dizem que estamos pavimentando uma estrada sólida, e firmes em nossos propósitos acreditamos que futuramente a Ilha permita-nos saldar esta “dívida”, e nos proporcione a auto-suficiência, tendo em sua pauta a evolução contínua.
Este foi o trato com o nosso descobridor, onerá-lo por um prazo máximo de 5 anos.


JoTa: O melhor site sobre tabuleiros no Brasil, concorda?

Ilha:Existem bons sites no Brasil, grandes iniciativas igualmente realizadas pelo amor aos jogos e já ficamos muito felizes só por ser lembrados entre os mesmos.
Tal qual apreciar vinho, o gosto é algo muito particular.
Agradecemos o enorme carinho que nos coloca nesta posição numa pesquisa legítima.
Isto nos faz crer que nosso trabalho está valendo a pena pois somos lembrados positivamente.
Nossos esforços estão voltados em oferecer informação e conveniência, nestes aspectos acreditamos que a ilha realmente é muito relevante.
Com toda certeza trabalhamos incessantemente para ser cada vez melhores.
Se já chegamos neste ponto, não sabemos, quem deve dizer são os internautas.
Agradecemos e ficamos realmente muito felizes com toda manifestação verdadeira que nos indique este caminho.

JoTa: Quais são os planos futuros da Ilha?

Ilha: A Ilha esta na rede. A internet é realmente um ambiente muito dinâmico e aprendemos diariamente.
Nossos planos neste momento estão concentrados em concluir nossos projetos e ambientes dentro do site.
Com o rápido crescimento que tivemos, e problemas difíceis no fornecimento técnico, a ilha deixou de evoluir na velocidade planejada.
Isto nos levou a repensar o modelo e trabalhar forte para o lançamento da NOVA ILHA.
Nesta nova versão, a prioridade para a interatividade e evolução.
Não podemos revelar muitas coisas agora, mas temos boas coisas para nossos habitantes.


JoTa: Depois de algum tempo em ação a ilha deve ter gerado alguns bons amigos e quem sabe uns inimigos...como conduzir esse estresse gerado

Ilha:
Com certeza a Ilha tem possibilitado coisas extraordinárias!
Quem poderia imaginar a pouco tempo atrás que existiria um lugar para tantos brasileiros (esquecidos) se relacionarem através de jogos?
E tem sido assim diariamente!
Milhares de amigos!
Aproximadamente 20 novos cadastros a cada dia (fora visitantes que não se logam ainda), novos amigos usuários, novos amigos autores (nacionais e estrangeiros), novos amigos lojistas, fabricantes etc etc etc etc
A ilha esta crescendo e ficando maior a cada dia! E conseqüentemente cultivando grandes amigos em todos os níveis!
Isto é fantástico!
Não vemos ou temos conhecimento de inimigos da ILHA!
Nossos acessos só crescem e mais e mais pessoas chegam.
É natural pensar que talvez não agrademos a todos, porém os números e as freqüência nos mostram que temos algo bom a dividir, pois as pessoas voltam a ilha por diversos motivos.
Conveniência, negócios, e possivelmente aprendizado! E percebemos que um de nossos maiores valores esta no aprendizado do convício em grupo e em sociedade, com educação e respeito a todos mesmo com suas diferenças.
Obrigado aos nossos visitantes por isso.

JoTa: O site foi baseado em algum outro, alguma experiência passada?

Ilha: A internet é uma enorme fonte de informação, e inspiração, onde a cada dia assistimos a chegada de mais e mais ferramentas, inovações e transformações.
Em 2003 nosso descobridor navegava com muita dificuldade pela internet buscando informações sobre um jogo chamado Axis & Allies.
No Brasil quase nada encontrou. Encontrou comunidades dispersas sobre generalidades no Orkut, achou algumas listas de discussão na internet, visitou a Festa do Peão de Tabuleiro... Mas conseguiu informações em volume maior apenas em sites ou páginas pessoais internacionais.
Naquele momento (2003), já haviam coisas bacanas como o BGG o Boardgamenews, vários sites alemães... Porém em português praticamente nada. Surgiu o sonho de algo voltado especialmente a realidade brasileira, um cenário a parte extremamente diferente do internacional.
Com a difícil missão de não ser somente um site de informação, tinha que ser um convite ao relacionamento real com jogos.
Tinha que FAZER AS PESSOAS JOGAREM!
Não existia hábito forte no Brasil.
Nos inspiramos em várias coisas na primeira versão, agora com a vivência e a identidade nos inspiramos em várias outras para o nosso futuro.
O processo de criação é a eterna transformação do que já existe, e algumas novas sacadas que podem fazer toda a diferença.
A nossa grande diferença esta em como e para que a ILHA foi criada.
Foi criada para um cenário e público com grandes particulares e necessidades em todos os aspectos que vão do idioma, características culturais, poder aquisitivo, acesso, rede de distribuição, geografia, clima etc etc etc

Experiência passada?
Claro!!!

Toda a experiência de décadas de dificuldade total em informações!
Em simplesmente não saber se seu vizinho joga, ou se ele vai te considerar um ET se for convidá-lo para uma partidinha. rsrsrs

JoTa: Legal...era bem esse o cenário, hje temos A Ludus, jogas fortes em Sp e Rio e ouutras de bom porte por todo esse brasilzão...Algum conselho pra quem quiser iniciar um site desse tipo?

Ilha: Nós acreditamos que o momento certo para conselhos será a partir do momento em que estejamos auto-suficientes e estabilizados.
Ainda temos um grande caminho pela frente antes de podermos ter a pretensão de aconselhar.
Estamos no campo da experiência.
Para quem queira adentrar este campo porém podemos dizer...

É preciso como sempre...

Muita paciência (as coisas não acontecem no tempo desejado).
Muita persistência...( A lei de Murphy foi comprovada várias vezes por aqui)
Estoque de otimismo...(para rebater todo o pessimismo imperante)
E ter em conta que “As aparências enganam” ( para o bem e para o mal, fique esperto!)

E o principal...TEMPO! ( Verá menos a família, passará longas horas respondendo os mais diversos emails, e provavelmente jogará muito menos que antes).


JoTa: O que diria pro sites que ficaram atrás na votação ou nem foram indicados?

Ilha: Desculpe-nos Bira, não há nada a dizer, não há mérito ou demérito. Neste momento trabalhamos todos em um só caminho, fortalecer o hobby. Não vemos outros sites como concorrentes, no dia a dia e igualmente aqui não vemos concorrência. O que nos eleva hoje a uma posição simpática com certeza pode elevar nossos amigos amanhã.
Que assim seja... desejamos sucessos a todos.

JoTa: É isso aí muito agregadora suas palavras...Pra finalizar mais alguma coisa a dizer?

Ilha:Obrigado pelos votos!
Se somos lembrados hoje é por que cada entusiasta e visitante da comunidade permitiu isso, portanto é uma vitória a muitas mãos e cliks.

Aguardem a NOVA ILHA!!!
E convide seu vizinho agora mesmo para jogar, se possível convide para a Ilha Também!


Bom mais uma vez agradecer ao amigo Alessandro Caporal pela atenção, é e sempre será muito bem vindo por aqui...
Cabe a nós gostar, ou não, ajudar ou não, torcer contra ou a favor..mas sempre respeitar esse que é sem dúvida melhor site brasileiro sobre jogos de tabuleiros...
Um abraço e até a próxima...Com mai sum grnde nome do mundo lúdico Brazuca...