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Blog relativo ao Prêmio dos jogos de Tabuleiro (JoTa) premiojota@yahoo.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2009

Party Games!!!!

O conceito de Party Games é pra mim algo relativamente estranho... até por que party é festa e no meu entender jogos são festas eu faço festa mesmo... Bom o "eu" não tem importância sobre o aspecto comunidade que o hobby representa e nesse geral PArty Games é uma classificação aceita, assim como wargames e etc...
No JoTa temos uma categoria de premiação específica pra esse tipo de jogo...e o vencedor foi o Cash'n guns seguido de perto pelo Jogo da Fronteira ou Hart an der Grenze...
Pra falar sobre os games um maigo de grupo Cristiano que já nos ajudou na tradução da entrevista com Martin Wallace...
Com a palavra o amigo que fez questão de resenhar os dois jogos dado sua experiência de estrear o game nacional com o próprio autor...




"Cash'n Guns o vencedor

Sempre que penso em Cash'n Guns a primeira imagem que me vem a cabeça é a do filme Cães de aluguel. E o clima do jogo é esse mesmo, bem Tarantino. A comparação do jogo com o filme é inevitável pra quem conhece e gosta do estilo, mesmo porque o próprio filme tem algo de lúdico. Os nomes das personagens (Mr. White, Mr. Organge, Mr.Pink, etc.), por exemplo, remetem à escolha de pecinhas no começo dos jogos (“o verdinho é meu!!!”). Neste jogo, no entanto, não se escolhem cores mas sim personagens e ironicamente a única personagem com nome de cor não tem seu correspondente no filme: Mr. Black.
Com tanta coisa em comum fica a pergunta: quem não se diverte com os filmes deste brilhante diretor? E da mesma forma, quem não se diverte com um bom party game? A resposta para ambas as perguntas é a mesma: NINGUÉM.
Do eurogamer mais crítico até o wargamer mais purista, não há quem não dê boas risadas com o Cash'n Guns. É daqueles fillers que sempre que se põem à mesa dificilmente é jogado uma vez só. Isso talvez se deva ao clima descontraído e ao mesmo tempo extremamente competitivo que o jogo cria. São poucos os jogos ditos “leves” que conseguem essa façanha. Sim, porque seria muito fácil dizer que um party game agrada não gamers, a prova de fogo para este tipo de jogos é agradar aos grandes apreciadores dos jogos de tabuleiro. Vamos tentar entender então porquê este jogo foi escolhido pelos gamers como o melhor desta categoria.



A começar pela caixa e seu conteúdo: pecinhas em papelão duro, bem resistente e um baralho com várias cartas para o jogo normal e suas variantes, tudo de excelente qualidade e bom gosto, além de seis pistolas de espuma. As armas são o que mais fazem sucesso e caso você não goste das de espuma, pode usar quaisquer outras de brinquedo que tiver em casa.
A mecânica não poderia ser mais simples: todos se ameaçam mutuamente, cada um escolhendo um outro jogador para atirar; quem amarela sai, os bravos ou estúpidos que não largarem o osso resolvem suas cartas, até então fechadas, e vêm quem foi alvejado ou não; quem sobrar de pé divide “irmanamente” a grana. Assim que o dinheiro para divisão acaba todos contabilizam seus ganhos e quem tiver mais dinheiro vence.
Explicando assim parece simples demais para ser interessante. E é. O grande tempero deste jogo na verdade são os próprios jogadores. É realmente engraçado como as pessoas se comportam em jogos de alta interação social. Da última vez que joguei, por exemplo, me recusei a desistir de uma partilha mesmo com três pessoas apontando suas armas para mim. Acabei morrendo em uma das primeiras rodadas. Em jogos que permitem eliminação de jogadores, como é o caso do Cash'n Guns, quando isso acontece, normalmente o jogador eliminado vai para o limbo das revistas em quadrinho, do videogame, ou de alguma mesa paralela com um joguinho amigo para se jogar a dois com outro jogador eliminado anteriormente ou com aquele amigo que chegou atrasado. Pois para mim a diversão continuou mesmo fora do jogo. Me atrevo a dizer que me diverti tanto quanto quem continuou na partida. Quantos jogos você consegue pensar que são bons até mesmo “só de se olhar”?

Eu tenho essa história interessante e provavelmente todos os que já jogaram têm alguma história engraçada também. Este é outro indício de que um jogo é realmente bom: sempre nos lembramos deles, mesmo quando não estamos à mesa, jogando. E como bem sabemos, todo jogo que é lembrado, acaba voltando logo pra mesa.



Hart an der Grenze (Jogo da Fronteira) o segundo colocado

Numa dessas FPTs, quando ainda existia a FPT, tive uma experiência única: a de praticar um jogo cujas regras foram explicadas ao meu grupo por um dos criadores do jogo em pessoa. Me lembro que o jogo, recém lançado, estava sendo disputado à tapas pelos participantes do evento que queriam experimentar o tal “jogo dos brasileiros fabricado na Alemanha”. Esperamos bastante até que um exemplar do jogo ficasse livre, mas a espera valeu à pena.
Durante todo o evento tanto o Sérgio (Halaban) quanto o (André) Zatz circulavam por entre as mesas mostrando a novidade conversando com os amigos gamers e, obviamente, jogando. Quando finalmente eu e meus amigos pusemos nossas mãos no jogo, demos a sorte de pegarmos o Zatz “passando por ali” e o convidamos a jogar conosco. Muito educadamente ele nos disse que não poderia jogar pois estava indo participar em seguida de um outro evento dentro da própria FPT, mas prontificou-se a nos ensinar a jogar.
Não sei até onde isso se aplica à maioria dos jogos e como esta foi a única vez que conheci um criador de jogo não posso provar minha teoria mas, me parece que o jogo tende a ter um clima que remete à personalidade de seu criador. O Jogo da Fronteira, como ficou conhecido aqui no Brasil, é um jogo simples, divertido e bem humorado, exatamente como nos pareceu ser o Zatz. Não tive a oportunidade de conversar com o Halaban mas creio, mesmo pelos relatos de amigos, que também é uma pessoa com estas características.
Nos divertimos muito mesmo com o jogo que além de ser muito, mas muito fácil mesmo de se aprender e de se ensinar regras é um jogo bonito (falando obviamente da versão da Kosmos) com partes de excelente qualidade.
No jogo os jogadores são turistas tentando atravessar a fronteira entre EUA e México com produtos legais e/ou ilegais. A cada turno um dos jogadores se revesam no papel de xerife e pede que todos declarem o que estão levando em suas malas (as malas são latinhas muito bonitas, com desenhos que imitam uma mala de verdade e onde são colocadas as cartas dos produtos que ficam fechadas nas mãos dos jogadores). Depois de ouvir todas as declarações ele pode escolher um dos jogadores e pedir que abra sua mala para ser examinada. Se o jogador tiver declarado corretamente o que há em sua mala ele então recebe uma indenização; se tiver declarado algo diferente, tem que pagar uma multa e os itens não declarados são confiscados. No final todos tentam vender o que conseguiram atravessar dando prioridade a quem tiver maior quantidade de cada um dos diferentes produtos.
Obviamente os bons blefadores levam vantagem na hora de declarar o que levam em suas bagagens. Outra grande sacada do jogo é que quando alguém é escolhido para ter sua bagagem examinada, esta pessoa ainda pode tentar “negociar” com o xerife para ter sua bagagem liberada sem maiores constrangimentos. Todo este clima de negociações e blefes fazem dele um jogo muito divertido.




Já o que não teve nada de divertido foi o destino que o jogo teve aqui, ironicamente, na terra de seus criadores.
Pouco tempo depois do lançamento do jogo pela Kosmos a Estrela lançou uma versão tupiniquim do jogo numa rara demonstração de reconhecimento e boa vontade de uma das grandes fabricantes nacionais de brinquedos. A versão nacional não tinha nem de perto a qualidade do jogo europeu, mas só a coragem de investir na idéia já é algo digno de nota. Infelizmente, meses depois, a Receita Federal inciou uma caçada a ao jogo sob o pretexto de que o jogo ensinaria as crianças a subornar autoridades.
Me desculpem o tom desesperançoso. Esta não deveria ser a tônica para encerrar uma resenha sobre um dos vencedores de um prêmio, mas é inevitável deixar de pensar como é triste viver entre hipócritas. Os maus exemplos estão nos noticiários recheados de Delúbios, Sarneys e Yedas e não nos tabuleiros, video-games e RPGs. Como se não bastasse todas as dificuldades que temos para importar o objeto de nossos hobbies devido as inclementes e muitas vezes indevidas sobretaxas que incidem sobre os jogos e o total descaso e desrespeito das industrias de brinquedos nacionais que contumazmente plageia jogos europeus lançando-os aqui sem a prévia autorização dos detentores dos seus direitos de publicação. Isso, a Receita Federal não vê (ou não considera um mal exemplo).
Cresci jogando jogos de tabuleiros, RPG e video-game com meus amigos e não sei de ninguém, nem eu, nem nenhum deles ou qualquer pessoa com uma formação lúdica, que tenha se tornado um assassino, estelionatário, ou qualquer outra sorte de marginal; muito pelo contrário, somos todos cidadãos honestos, de bem e que pagam muito mais ao governo (à Receita Federal inclusive) do que seria justo.

P.S.: Se você tem espírito anarquista como eu e quer experimentar outros excelentes jogos politicamente incorretos, aí vão duas sugestões: “Pimp: The Backhanding” e “Funny Friends”."


Bom povo de minha terra é isso... ainda flatam alguns vencedores...sei que o ritmo de postagens diminuiu...é muito complicado fazer "solito" embora receba a ajuda dos amigos que particiaram até agora, seria necessário mais ajuda tendo em vista que temos outras atividades né...mas vamos lá...
Um abraço
Bira

2 comentários:

  1. Olá
    Cheguei até aqui através da Ilha do Tabuleiro.
    Acabo de "entrar p/ o time". Sou assessora de comunicação da Ilha e conto com a colaboração de vcs na elaboração do material do jornal.
    Acho que ainda vamos conversar bastante.
    Até mais.

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  2. Pode contar...sempre que possível estamos aí...
    Braços,
    Bira

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